Escala SDQ

Nome original da prova

 

Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ)

 

Autores

 

Goodman, R. (1997). The Strengths and Difficulties Questionnaire: a research note. Journal of child psychology and psychiatry, 38(5), 581-586.

 

Adaptação Portuguesa

 

Fleitlich, B., Loureiro, M., Fonseca, A., & Gaspar, M. F. (2005). Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por) [Strengths and DifficultiesQuestionnaire—Portuguese version].

 

Descrição

 

        A prova em questão consiste em 25 itens organizados em cinco escalas, cada uma composta por cinco itens.

        Quatro subescalas estão definidas como indicadores de dificuldades, ao nível dos problemas emocionais, problemas comportamentais, hiperatividade e problemas de relacionamento com os colegas. Existem três categorias de resposta numa escala tipo Likert (“não é verdade”, “è um pouco verdade”, “é muito verdade”). O questionário tem uma pontuação total de dificuldades e cinco subescalas compostas por cinco itens cada: Hiperatividade, Problemas de Comportamento, Problemas de Relacionamento com os Colegas, Sintomas Emocionais e Comportamento Pró-social (Fleitlich et al., 2005).

 

Material Necessário Para a Aplicação da Prova

 

        A aplicação da SDQ é efetuada através de um questionário, dependente dos indivíduos onde irá ser aplicada há vários fatores em ter em conta.

        No caso da aplicação do questionário ter como alvo menores de idade, é obrigatória a elaboração de um termo de consentimento para os pais da criança ou o órgão que tenha tutela sobre a mesma.

        No caso de a aplicação ser a professores, poderá ser pedida autorização junto da direção da escola, no caso do teste aplicados aos pais não será necessário qualquer tipo de termo de consentimento, sendo no entanto imprescindível explicar a finalidade da aplicação dos testes, devendo como tal ser dada tanto aos pais como aos professores.

 

Condições de Aplicação

 

        O objetivo é avaliar os comportamentos sociais adequados, designados de capacidades e não adequados, designados de dificuldades, em crianças e adolescentes com idades compreendias entre os 3 e os 16 anos (Saud, 2010).

 

Correção e Cotação

 

        Em cada um dos vinte e cinco itens existem três categorias de resposta, organizadas numa escala tipo Likert (“não é verdade”, “é um pouco verdade”, “é muito verdade”).

        Os resultados do questionário são calculados pela soma das pontuações dos itens, na escala de três pontos que é utilizada para cada item: a opção “É um pouco verdade” é sempre cotada com 1. Cada uma das outras duas opções pode ser cotada com 0 ou 2 pontos, conforme o item. 

        A pontuação total de uma das 5 escalas pode variar entre 0 e 10 se os cinco itens tiverem sido respondidos. O resultado de cada escala pode ser considerado desde que pelo menos 3 itens tenham sido respondidos.

        A pontuação total de dificuldades é obtida pela soma da pontuação total de todas as escalas, com exceção da escala pró-social. Deste modo, a pontuação resultante pode variar entre 0 e 40, desde que todas as subescalas, excetuando a pró-social, estejam preenchidas.

 

Interpretação da Pontuação dos Sintomas e Definição de “Caso”

 

        Os intervalos provisórios, apresentados em baixo, foram estabelecidos de tal forma que aproximadamente 80% das crianças na comunidade são normais, 10% são limítrofes e 10% são anormais. Os possíveis “casos” podem ser identificados por uma pontuação alta ou limítrofe em uma das quatro escalas de dificuldades (Fleitlich et al., 2005).

 

 

 

Normal

Limítrofe

Anormal

Pontuação Total de Dificuldades

0-15

16-19

20-40

Pontuação de Sintomas Emocionais

0-5

6

7-10

Pontuação de Problemas de Comportamento

0-3

4

5-10

Pontuação de Hiperatividade

0-5

6

7-10

Pontuação para Problemas com Colegas

0-3

4-5

6-10

Pontuação para Comportamento Pró-social

6-10

5

0-4

 

Validade

 

        O índice de validade obtém-se pela correlação com critérios externos ou com outras provas que avaliem as mesmas aptidões, e cuja validade foi provada anteriormente, neste caso o Child Behaviour CheckList (versão para pais, professores e de autorrelato – Teacher’sReportForm e Youth Self-Report, Achenbach, 1991) (Rothenberger e Woerner, 2004).

        As suas propriedades psicométricas e estrutura fatorial têm sido satisfatoriamente replicadas em vários países (Becker et al., 2004), o que contribui para a evidência da confiança e validade do SDQ.

 

Âmbito de aplicação da prova

 

        Consoante a versão, o Questionário de Capacidades e Dificuldades é aplicável, individualmente, em crianças e adolescentes, dos 4 aos 16 anos, em pais e cuidadores e ainda em professores (Anexo A e Anexo B).

        Pode ser aplicada em contexto de avaliação clínica, como instrumento de triagem ou como mecanismo de investigação de comportamentos, emoções e relações interpessoais (Portela, 2011).

 

Vantagens e Desvantagens da Escala

 

        O Questionário de Capacidades e Dificuldades apresenta uma elevada validade e fidelidade na medição dos comportamentos das crianças e adolescentes, pelo que constitui um instrumento de avaliação muito útil. Esta escala possui um formato simples, abrangente e breve, que permite uma maior focalização quer ao nível dos aspetos positivos (capacidades), como dos negativos (dificuldades), fornecendo informações mais precisas sobre dificuldades de atenção/hiperatividade, relação com colegas e comportamentos pró-sociais. As duas outras versões do SDQ possibilitam a avaliação de pais ou cuidadores e a dos professores das crianças. Tanto a versão do SDQ construída para crianças como a elaborada para os seus cuidadores não diferem entre si, apenas variando o grau da pessoa a que se dirige, primeira ou terceira pessoa. Assim, é possível aumentar a comparação dos resultados obtidos (Goodman et al., 2003).

        Outras vantagens deste instrumento dizem respeito ao facto de ele se encontrar traduzido para diversos idiomas, estar disponível para usos não comerciais e possuir diversos contextos de aplicação.

        A limitação encontrada diz respeito à inexistência de normas para as versões portuguesas. Com a exceção das destinadas a crianças em idade pré-escolar, nenhuma outra versão possui, ainda, normas estabelecidas, pelo que é comum utilizar as normas inglesas na aplicação das restantes versões (Portela, 2011).

 

Referências Bibliográficas

 

Becker, A., Woerner, W., Hasselhorn, M., Banaschewski, T., Rotherberger, A. (2004).Validation of the parent and teacher SDQ in a clinical sample. European Child & Adolescent Psychiatry

 

Fleitlich, B., Loureiro, M., Fonseca, A., & Gaspar, M. F. (2005). Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-Por) [Strengths and Difficulties Questionnaire —Portuguese version].

 

Goodman, R., Meltzer, H. & Bailey, V. (2003). The Strengths and Difficulties Questionnaire: a pilot study on the validity of the self-report version. International Review of Psychiatry, 15, pp. 173-177.

 

Portela, R. A. C. (2011). Caracterização de umalista de espera de crianças e adolescentes para a consulta de psicologia de um centro de saúde.Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, Lisboa

 

Rothenberger, A., Woerner, W. (2004). Strenghts and Difficulties Questionnaire (SDQ) – Evaluations and apllications.European Child & Adolescent Psychiatry.

 

Saud, L. F., Tonelotto, J. M. F. (2005). Comportamento Social na Escola: Diferença entre Género e Séries. Psicologia Escolar e Educacional, 9(1), 47-57